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O economista Samuel Pessoa trata de forma irretocável, em sua coluna na FOLHA DE S. PAULO de domingo, das razões pelas quais o brasileiro poupa pouco para a aposentadoria.

A razão de dependência —relação entre a população acima de 65 anos e a que tem entre 20 e 64 anos— é no Brasil de 13%. Sociedades com esse perfil gastam em geral entre 5% ou 6% do PIB com Previdência. Ou seja, nosso sobregasto previdenciário é da ordem de 8 a 9 pontos percentuais do PIB.

Nosso gasto é tão superior ao das demais sociedades porque a taxa de reposição (valor do benefício previdenciário como proporção da renda quando ativo) é próxima de 100% para uma parcela de 95% da população que trabalha.

Além da alta taxa de reposição, o gasto é elevado pois a idade de concessão do benefício é muito baixa.

Elevada taxa de reposição e reduzida idade de concessão do benefício desestimulam a poupança privada. Assim sendo, é irracional a constituição de poupança para a velhice.

Nosso sistema previdenciário, além de onerar as contas públicas, desestimula a formação da poupança. Consequentemente, a taxa básica de juros é muito elevada.

O leitor pode achar estranho a taxa de reposição ser elevada e os valores dos benefícios serem baixos. O que de fato é baixo é a remuneração média do trabalho no Brasil, fruto da reduzida produtividade. Lembremos que uma hora trabalhada no Brasil produz a quinta parte do mesmo tempo nos Estados Unidos, por exemplo.

Já em sua edição desta segunda-feira, a mesma FOLHA DE S. PAULO noticia que a sensação de segurança é o principal motivo para os brasileiros que investem aplicarem seu dinheiro, revela pesquisa da Anbima encomendada ao Datafolha. Segundo o levantamento, 54% da população que faz algum tipo de investimento prefere se sentir segura do que acumular ganhos. Essa percepção é unânime em todas as faixas etárias, classes sociais e níveis de escolaridade. A busca por retorno financeiro aparece em segundo lugar entre as motivações para o investimento, apontada por apenas 16% dos entrevistados —com predominância entre jovens de 25 a 34 anos e pessoas da classe A.

Fonte: Abrapp